Por aqui fala-se em virar o ano. Com muita pena não o farei já em terras de Iemanjá, mas sim, nas nuvens, no céu....sei lá.
Ao contrário do Natal, que me faz sentir deprimente, passar de um ano para o outro é um sinal de renascimento. É tempo de recomeçar, de voltar a sonhar, de repensar valores, de sermos ainda melhores, de querermos mais...
Hoje devemos todos pensar no que vamos amanhã à noite desejar, com todas as nossas forças. Do que queremos ser realmente em 2011.
É bom termos tudo na ponta da língua quando chegar a altura de pedir, de fechar os olhos e de querer fazer acontecer.
As passas, as uvas, os santos, os druidas, ou outra qualquer entidade não gostam de gente engasgada.
Depois não se esqueçam que, somos tantos a pedir quase ao mesmo tempo que, ou somos claros e assertivos ou, corremos o risco de não passar a mensagem.
Amanhã façam-se ouvir e sobretudo, acreditem que podem fazer acontecer!!!
Bom Ano para todos.
Este é um espaço para escrever o que me vai na cabeça, na alma e no coração... Com os pés mais ou menos assentes no chão ou com a cabeça nas nuvens.
Pesquisar neste blogue
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Triste...
A tristeza é qualquer coisa que nem sempre conseguimos explicar. É uma palavra sem porquês. Sabemos apenas que estamos menos efusivos, sentimos um pequeno nó na garganta, os olhos brilham mas não pelos melhores motivos e as lágrimas saltam na primeira oportunidade. Que inoportunas que são as lágrimas. Nós a tentarmos disfarçar e elas "pumbas", rolam cara abaixo, sem pedir licença e pior: só param quando querem. Por vezes bem tentamos, mas as gotículas repentinas e cheias de personalidade não nos dão tréguas.
Não gosto de te ver com essa cara! O que aconteceu? Então? O que se passa? Vá lá, não fiques assim!....são as expressões mais populares nestes dias.
Mas quando não se consegue explicar o porquê da tristeza, não adianta ouvir qualquer palavra de conforto.
Quando assim é sentimos que o melhor que podemos fazer é dormir e esperar que no dia seguinte o nó tenha sido desatado, que a fonte tenha secado, que o sorriso esteja mais luminoso, mesmo que pouco, para evitar perguntas mais indiscretas.
Depois, basta acreditar que somos capazes de sorrir no dia seguinte.
E vocês, acreditam?
Não gosto de te ver com essa cara! O que aconteceu? Então? O que se passa? Vá lá, não fiques assim!....são as expressões mais populares nestes dias.
Mas quando não se consegue explicar o porquê da tristeza, não adianta ouvir qualquer palavra de conforto.
Quando assim é sentimos que o melhor que podemos fazer é dormir e esperar que no dia seguinte o nó tenha sido desatado, que a fonte tenha secado, que o sorriso esteja mais luminoso, mesmo que pouco, para evitar perguntas mais indiscretas.
Depois, basta acreditar que somos capazes de sorrir no dia seguinte.
E vocês, acreditam?
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Saudade.
Hoje senti saudades. Hoje ganhei coragem e disse que sentia saudades.
Mas só eu senti isso. Só eu tenho esta sensação de perda...de perda de algo que nunca cheguei a ganhar.
Não fico insegura, triste, fragilizada...nada disso. Só mesmo com saudades. Nem sei bem de quê ao certo! Não sei de quê porque na verdade não posso ter saudades de nada em concreto. Mas o que é facto é que sinto esta coisa estranha, cuja palavra dizem os entendidos, que não tem tradução (é a 7ª palavra mais difícil de traduzir no mundo) para outros idiomas. Um sentimento que tem sido tão comentado, divulgado, cantado e aclamado por tantos e grandes poetas, os quais também chamam a si e ao país, a titularidade deste sentimento: A SAUDADE.
A saudade não tem sinónimo. Ela é única. Cheia de personalidade. É uma espécie de melancolia que se instala em nós devido a uma perda, seja ela temporária ou definitiva.
A saudade é tão portuguesa que só os portugueses, através do fado, os brasileiros, na bossa nova e os cabo verdianos, nas mornas, a conseguem verbalizar, cantar, expandir. A saudade é nossa. Hoje a saudade é minha!
Mas só eu senti isso. Só eu tenho esta sensação de perda...de perda de algo que nunca cheguei a ganhar.
Não fico insegura, triste, fragilizada...nada disso. Só mesmo com saudades. Nem sei bem de quê ao certo! Não sei de quê porque na verdade não posso ter saudades de nada em concreto. Mas o que é facto é que sinto esta coisa estranha, cuja palavra dizem os entendidos, que não tem tradução (é a 7ª palavra mais difícil de traduzir no mundo) para outros idiomas. Um sentimento que tem sido tão comentado, divulgado, cantado e aclamado por tantos e grandes poetas, os quais também chamam a si e ao país, a titularidade deste sentimento: A SAUDADE.
A saudade não tem sinónimo. Ela é única. Cheia de personalidade. É uma espécie de melancolia que se instala em nós devido a uma perda, seja ela temporária ou definitiva.
A saudade é tão portuguesa que só os portugueses, através do fado, os brasileiros, na bossa nova e os cabo verdianos, nas mornas, a conseguem verbalizar, cantar, expandir. A saudade é nossa. Hoje a saudade é minha!
domingo, 5 de dezembro de 2010
Onde está o espírito de Natal?
Dizem que é a época de estar em família, o tempo de celebrar a paz, o momento para comemorar o nascimento de Jesus. Pergunto: onde pára o conceito de família nos dias de hoje? As famílias estão espartilhadas por diferentes locais. Os mais velhos, que tanto cultivavam o Natal "com todos", à volta do bacalhau "com muitos" e da ida em excursão para a missa do galo, já não estão cá para apelar à tão famigerada família e por isso, restam os mais novos, esses sim que gostam de ver os adultos à volta da mesma, todos com cara de caso e já agora a pôr em ordem umas “conversinhas” de pé de orelha, enquanto se abrem os presentes. E a paz? Onde está ela? Os ricos lutam para ser mais ricos, os pobres dão tudo para não ficar na miséria, os políticos batem-se por um lugar ao sol (mesmo em pleno Inverno político), as forças de segurança ora batem ora tentam implementar a ordem e a paz social...Será que esta Paz é apenas aquela que vemos nas fileiras de ajuda aos pobres? Sim, porque somos todos tão humildes e bonzinhos que no Natal, mas só no Natal, colaboramos nas compras da semana para o banco alimentar e vamos ajudar na sopa dos pobres na ceia de Natal. Somos mesmo benevolentes!
E o nascimento de Jesus? Quem é que ainda se lembra do que aprendeu na catequese? Quem sabe o nome dos Reis Magos e quais os ricos presentes que levaram a Maria e a José? E como chegaram ao local? Quem os guiou? Leiam os livros de histórias dos mais novos para recordar. Vai ajudar com toda a certeza. E já agora um conselho! Não pendurem à janela os estandartes de Natal que se vendem numa famosa cadeia de super-mercados de origem francesa se não sabem o que estão a fazer.
Pois é! Parece que sobrou o espírito das compras com cartão de crédito, que contribui para a taxa de endividamento dos portugueses e ajuda a encher os carrinhos de quilos de brinquedos e outras coisas sem utilidade.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Vontades.
Apecete-me pegar no carro e conduzir durante horas sem parar, com a música aos berros, só na companhia de mim mesma.
Apetece-me entrar num avião que esteja a partir para um sítio longínquo e ficar por lá.
Apetece-me comprar uma caixa de bombons e devorá-los como se não houvesse amanhã. Apetece-me pegar no cartão e ir para as compras até chegar ao último cêntimo.
Apetece-me vestir uma roupa desportiva e correr até cair para o lado de cansaço.
Apetece-me tanta coisa, que não sei por onde e como começar.
Mas porque é que tudo o que nos apetece nem sempre é acessível, fazível e outras coisas acabadas em "ível" na altura em que queremos?!
O verbo "apetecer" nem é dos meus favoritos. A palavra "apetece-me" não é das que mais uso. Nunca fui de apetites vorazes...nem mesmo grávida, onde apetite de qualquer coisa se confunde com os "tradicionais desejos" da mãe.
Mas hoje estou de "apetites".
Apetece-me entrar num avião que esteja a partir para um sítio longínquo e ficar por lá.
Apetece-me comprar uma caixa de bombons e devorá-los como se não houvesse amanhã. Apetece-me pegar no cartão e ir para as compras até chegar ao último cêntimo.
Apetece-me vestir uma roupa desportiva e correr até cair para o lado de cansaço.
Apetece-me tanta coisa, que não sei por onde e como começar.
Mas porque é que tudo o que nos apetece nem sempre é acessível, fazível e outras coisas acabadas em "ível" na altura em que queremos?!
O verbo "apetecer" nem é dos meus favoritos. A palavra "apetece-me" não é das que mais uso. Nunca fui de apetites vorazes...nem mesmo grávida, onde apetite de qualquer coisa se confunde com os "tradicionais desejos" da mãe.
Mas hoje estou de "apetites".
domingo, 28 de novembro de 2010
Querido Pai Natal
Há muitos anos que não escrevo uma carta ao Pai Natal! Mas este, não resisti. Por isso aqui vai:
"Querido Pai Natal,
Este ano portei-me bem mais uma vez. Acho até que me portei melhor que noutros anos. Vivi de forma mais consciente e sincera - sem mentiras e omissões, usando de toda a minha frontalidade e presença de espírito e com mais sentido de humor. Até me tornei uma pessoa mais paciente (lembra-te que quando nasci, a paciência estava esgotada devido ao 25 de Abril - que tinha acontecido há meia dúzia de meses - e daí este meu handicap).
Por isso, este Natal vou querer, debaixo da minha árvora, vários embrulhos coloridos. Em cada um dos presentes gostaria que deixasses um dos "brinquedos" da minha lista de desejos:
- muita paz de espírito, uma caixa grande cheia de saúde, doses extra de paciência (ando a treinar, mas ainda preciso de uma ajuda mágica), capacidade para sorrir todos os dias, força para viver tudo ao máximo e ultrapassar os obstáculos que, diariamente, vou encontrando... Queria ainda que te lembrasses de mim quando estiveres a embrulhar "a capacidade de amar"... que entretanto ficou pelo caminho e que também não voltei a encontrar.
Não vou pedir dinheiro. Já sei que me vais dizer que isso todos querem e que não ias ter para tanta gente. Mas deixa ...nessa parte eu cá me arranjarei.
Ah! E não batas à porta quando chegares, nem faças muito barulho na chaminé. Sabes ... sempre gostei de surpresas. Podes deixar tudo debaixo da árvore iluminada. No dia 25, logo cedo, quando for buscar as Barbies, os Nenucos e os jogos para a Playstation, prometo que vou ter todo o cuidado do mundo com os outros presentes. Fica descansado. Sei que são frágeis e que podem partir outra vez e isso, eu não quero que aconteça.
Obrigada Pai Natal.”
domingo, 21 de novembro de 2010
Lá longe.
Estás tão longe e ao mesmo tempo tão perto, que podes surgir do outro lado a qualquer momento. Tão longe e até tão "distante daqui", de mim, de todos os que cá estão.
Consigo imaginar o que estás a fazer neste momento e até com quem estarás. Mas não consigo aproximar-me.... aqui não há telefone, e-mail, sms, chat ou outra forma de contacto que ajude. Ou se está ou não se está de facto.
Por vezes pergunto a mim mesma se não deveria ignorar esta distância e de uma vez por todas seguir em frente. Queira o "em frente" significar neste contexto, ignorar a distância ou deitar para trás das costas o que sinto.
A distância físico-geográfica é dolorosa, mas a espiritual acaba por ser a que mais se entranha em cada um de nós, quando sentimos falta de algo ou alguém.
Por muito que queiramos e achemos que é possível, não controlamos completamente o que pensamos e sentimos. Tentamos sim. Mas nem sempre conseguimos.
Para o bem e para o mal, o estar longe da vista, pode não significar estar também distante do coração. Ajuda...mas não resolve todas as nossas faltas. E a minha, continua aqui.
domingo, 14 de novembro de 2010
Pensamento ou sonho?!
Não vos acontece sentirem que têm de deixar de pensar em algo ou alguém e não serem capazes?! Sentirem-se sufocados e invadidos durante o dia e adormecerem sem conseguir deixar para trás o que vos atormenta?
E por muito que seja até algo delicioso, só o facto de nos invadir diariamente, faz-nos ter consciência que devemos esquecer, evitar, fugir...
Muitas vezes, o que ocupa conscientemente o nosso subconsciente é tão utópico, fruto de um sonho, algo que desejamos muito que aconteça mas que sabemos que é impossível, ou tão difícil que se torna pouco provável...
Depois, ficamos indecisos se afinal, por ser um sonho, devemos ou não alimentar e tentar correr atrás - dizem por aí que o sonho comanda a vida e enquanto sonho, por muito cor-de-rosa que seja, pode ser sempre uma fonte de energia, de novos caminhos, de um futuro diferente de tudo o que conhecemos e que acreditamos nos vai fazer melhores e mais felizes.
Por isso, prefiro continuar a viver num castelo de nuvens e a alimentar sonhos. Acredito que quando sonhamos e desejamos algo com muita força, estamos a ajudar a vida a transferir os nossos sonhos e pensamentos, para o patamar da realidade.
sábado, 30 de outubro de 2010
O Outono.
Para a pintura, para a escrita ou para outra qualquer disciplina, cada um terá um talento muito próprio.
E isso nasce connosco, apesar de ser algo que depois podemos ou não fazer crescer.
Neste Outono, a pessoa mais especial que conheço, deu os seus primeiros passos na escrita criativa, revelando o que um ser, com apenas 7 anos de idade, pode ser capaz criar, a partir da sua imaginação. Aqui fica o que me impressionou:
"O Outono já chegou. As frutas do Outono são as : as romãs, as pêras e as castanhas. No Outono, os pássaros vão para países mais quentes e as folhas caem. Começam as vindimas. Gosto muito de saltar para cima dos montes de folhas! As primeiras chuvas caem também no Outono. Eu gosto do Outono."
E eu gosto muito de ti!
domingo, 24 de outubro de 2010
A Vila.
Este é um sítio muito especial. Um daqueles que vem nos livros mais enigmáticos da nossa adolescência mas que, apesar do tempo, mantem ainda traços que nos transportam para cenários bucólicos, descritos por escritores e desenhados por pintores do SEC. XIX.
Quando olhamos à volta vemos ainda as árvores centenárias, os palácios, as quintas e as casas apalaçadas, os cafézinhos de ambiente intimista e romântico, as estradas estreitas e sombrias devido à intensidade da serra e do arvoredo...
À noite, com a lua cheia a espeitar por entre as folhas do choupos, que se agitam com os primeiros ventos do Outono ou, de dia, com o Sol a reflectir nas paredes coloridas dos edifícios, a vila transporta-nos para um outro tempo - um tempo que só lemos nos livros, um tempo que nos recorda um passeio romântico de charrete, um tempo que nos faz lembrar o aroma da terra molhada e dos bolos quentes a sair do forno.
Cada vez que volto à vila sinto vontade de reler " Os Maias", de explorar a vida dos Druidas, de saber mais sobre os subterrâneos do Monte da Lua, de me perder nos jardins da Pena e no fim...deliciar-me com as castanhas quentas, apregoadas pelos assadores junto aos cafés Paris e Central.
Há sítios que nos ficam na memória para sempre, tal como eram no seu melhor tempo, mesmo que só os tenhamos conhecido nos SEC. XX e XXI.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Um dia quem sabe o que serei...
Um dia quem sabe serei gente. Um dia quem sabe serei grande. Um dia quem sabe serei feliz. Um dia quem sabe, saberei quem sou. Um dia, quem sabe, serei eu mesma a saber sobre tudo e todos.
Na vida de cada um de nós há sempre um dia, ou O DIA. O dia em que conseguimos a sabedoria ambicionada, o dia em que finalmente chegamos ao nosso eu, o momento em que o nosso objectivo de vida é cumprido.
Ainda estou muito longe desse dia, mas acredito que metade do caminho já foi feito e que UM DIA, QUEM SABE, saberei fazer para os outros, profecias com certezas, ao invés de me ficar pelo discurso "Um dia quem sabe isso...." que é aliás um discurso cheio de "SES".
A cada dia damos um pequeno passo para esse grande momento - o momento em que passamos a saber quase tudo. Em cada dia, é dia de aprender e interiorizar algo de novo e que vai contribuir para um conhecimento cada vez maior.
Um dia quem sabe serei e saberei tudo aquilo que quero. Hoje sou, com certeza, parte do que sonhei. Mas hoje sei, que um dia, serei de facto o resultado do que sempre quis ser. Hoje já não digo "quem sabe se..." porque acredito saber o que poderei ser."HOJE SEI QUE" porque matei o "UM DIA QUEM SABE". Hoje sei SER, mesmo que esteja a meio do percurso, o que me faz acreditar, que no final, SEREI DE VERDADE.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Gente que passa
Há pessoas que passam na nossa vida e que têm um papel tão importante que nunca mais as esquecemos. Independentemente das circunstâncias...melhores, piores, felizes, apaixonantes, desesperantes...
Outras aparecem do nada e desaparecem da mesma maneira, sem deixar rasto ou sequer mazela.
Terão todas um papel? Ou as tais que passam sem marcar, são apenas pessoas com quem nos cruzámos, sem um porquê específico?!
Acredito que não.
É de facto uma questão de papel social apenas e todos, com todos e com cada um, temos o nosso próprio papel ou missão.
Há gente muito pouco marcante! Ou porque é por si mesma apagada, ou porque, quando se cruza connosco, pura e simplesmente não nos faz vibrar.
Mas, gente que é gente a sério deixa marcas - boas ou más, mas fica cá para sempre.E é tão fácil, quando olhamos para trás, ver quem teve esse papel na nossa vida. O mais espantoso é que não é preciso chegar à velhice para ter a sabedoria e o tempo para o fazer. Mesmo agora, consigo distrinçar cada ser humano com quem me cruzei e que me marcou ou não. Posso não conseguir perceber o porquê e qual foi afinal o seu papel - mais ou menos activo - mas sei, na perfeição, dizerm quem foi quem e qual a importância que teve.
A verdade é que mais ou menos marcante, todos acabamos por ser uma passagem para com os outros. Por isso, devemos aproveitar o momento, porque mesmo que seja curto e menos intenso, vai deixar algum rasto algures e junto de alguém.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Universo
Há momentos em que "parece que o mundo inteiro se uniu para nos tramar". É uma frase duma música do compositor Rui Veloso, mas que identifica tantos momentos da nossa vida. Parece que as estrelas foram todas de férias e que já não estão no seu pedestal para iluminar o caminho de quem cá está. É como se nos colocassem num espaço fechado, nos apagassem a luz e nos pedissem de seguida para encontrar alguma coisa. Impossível!
A cada dia surge mais uma dificuldade, a cada momento temos mais uma "gaveta" da nossa vida para "arrumar e fechar", a cada semana que passa sentimos que uma vez mais foi difícil e torcemos em segredo para a seguinte seja mais leve.
Os astros devem ter uma explicação para estes momentos de correntes fortes, em que nos sentimos a remar contra uma maré tempestiva, que nos quer ensinar a nadar na perfeição, mas que antes não se cansa de nos pôr à prova, de testar os nossos limites.
O lema é não desistir, respirar fundo e flutuar, sempre a olhar para o céu, até que a nossa estrelinha da sorte volte a iluminar o caminho. Nessa altura, a tempestade vai amainar, o mar acalma e nós, com luz, chegamos lá.
domingo, 12 de setembro de 2010
Começar é viver de novo.
Começar de novo é mesmo isso...começar de novo. Nem se pode dizer que seja recomeçar, porque quando recomeçamos alguma coisa já partimos de uma base, seja ela qual for e quando começamos de novo, estamos a partir do zero. É porque "zerámos" alguma coisa nas nossas vidas.
Eu prefiro começar do zero do que recomeçar. O segundo verbo causa-me insegurança. Fico com a sensação que vou ser obrigada a pôr para trás das costas uma série de coisas que, na verdade, não vou conseguir esquecer. Coisas que não me deixam começar a viver outra vez. Limito-me por isso a recomeçar, sem grande convicção que vou ser capaz de cumprir aquilo a que me propus, sem acreditar que vou chegar ao fim. Depois, quando vir que não consigo, que sou incapaz, vou espernear e prometer que, agora sim, vou recomeçar e que, agora sim, me vou esforçar e que, agora sim, vou ser capaz e assim sucessivamente…
Começar de novo é quase nascer outra vez. É fazer “tábua rasa” do que vivemos até determinado momento e voltar a nascer. É sentir que nos cortam o cordão umbilical e que vamos estar por nossa conta e risco … sem memórias do passado, sem história, sem fantasmas. É uma verdadeira e sentida segunda oportunidade que a vida nos dá e que temos de aproveitar, até porque temos consciência do valor deste segundo fôlego.
Para quem está a começar de novo, desejo toda a SORTE do mundo.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Quando o Verão acaba.
É sempre difícil chegar ao fim, ainda que esse fim seja o do Verão e do bom tempo. Em crianças porque isso representa também o final das férias grandes e o regresso à escola, apesar da ansiedade para revermos os velhos amigos. Sobretudo, deixamos para trás as amizades de praia, as férias em família, o dia-a-dia sem regras... enfim, uma vida muito folgada.
Na adolescência o fim das férias de Verão faz-nos abdicar dos enormes grupos de amigos e conhecidos, que nos acompanham, de dia na praia e à noite, nos melhores spots nocturnos. Por vezes, com o sol e o mar, deixamos também para trás aquele amor de Verão, que nunca sabemos se, no ano seguinte, ainda estará disponível, se é que na pior das hipóteses não se irá apagar com o Inverno.
Em adultos e apesar da consciência sobre os nossos limites e a durabilidade das coisas boas, o fim não é mais fácil. Afinal vão começar os dias mais curtos e menos luminosos, fazemos a reentrada a 100% no trabalho, no ginásio, nos estudos e formações, nas actividades lúdicas e desportivas dos filhos … e ao mesmo tempo entramos em contagem decrescente para o Natal, para a azáfama dos presentes, sempre a pensar que entretanto talvez consigamos tirar umas mini férias, não com o Sol e o bom tempo do Verão, mas pelo menos com alguma boa vida. Planeamos as férias de neve e golfe para quem gosta, pensamos que talvez possamos ir para fora cá dentro – sempre é melhor que nada - e até sonhamos com uns dias diferentes, num destino tropical, onde o Verão nunca acaba na verdade.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Estado de Espírito
Hoje o Mar estava irado e revolto. Tão zangado com o mundo que não deixava ninguém aproximar-se. E os que arriscavam, eram atirados para o chão, pela força das ondas e desapareciam temporarimente na enorme espuma branca, que enquanto nos dava as boas-vindas, nos cuspia de água e areia empedrada, como que em estado de alerta.
O Mar é como nós. Quando não está em dia sim, assanha as garras e empurra tudo e todos. Outras vezes puxa-nos nas correntes, sem vontade de nos deixar sair, tal como nós, quando arrastamos os outros nos nossos próprios devaneios.
Acredito que o Mar tem dias. Estados de espírito. Momentos bons e maus.
Hoje foi um mau momento. Quente sim, tal como o calor que se fazia sentir cá fora, mas cheio de revolta e indignação. E o mais curioso é que, quando ele está assim, também nós ficamos indignados, desmoralizados.
A praia fechou desmotivada por um dia sem o mar caloroso e amigável do Sul.
Afinal até os mais generosos e condescendentes têm o direito a dar mostras da sua raiva, quando é sentida.
domingo, 29 de agosto de 2010
Com ou sem Mundo?
Cada vez somos mais cidadãos do Mundo e ao mesmo tempo, gente sem raízes... gente que não pertence nem aqui, nem ali, nem ao sítio onde nasceu, nem ao local onde vive, nem à família de origem, nem ao seu núcleo familiar quotidiano.
O curioso é que ser cidadão do mundo, na verdadeira acepção da palavra, não é ser desenraizado. Sê-lo é antes pelo contrário ser-se alguém que tem mobilidade natural e adaptada, capacidade de se enquadrar em vários ambientes sociais e profissionais, no seu país de origem, noutro que visita por acaso e onde acaba por permanecer, ou ainda num outro local do mundo, onde escolhe viver e crescer como pessoa.
Cada um de nós encerra em si parte destas duas personagens e consegue ser tanto mais feliz, quanto maior o equilíbrio entre ambos os estados. Os cidadãos do mundo são necessariamente mais realizados e optimistas. Os seres sem mundo trazem consigo mais frustrações, dúvidas sobre quem são e para onde devem seguir, constante necessidade de se sentirem parte de um espaço e grupo, vontade de afirmação, dificuldade de bem-estar até na sua própria casa...
Para os primeiros, as mudanças são um desafio constante e são vistas como um momento aliciante que os faz andar para a frente. Para o segundo grupo, qualquer alteração de casa, trabalho, país, terra, família, amigos e núcleo de conhecidos contribui para a confusão, até porque de um modo geral já passaram por várias e por isso perderam as raízes e o seu mundo.
Estejamos em que estádio for, cabe a cada um de nós, estabelecer os seus limites e regras para não permitir o caos. Mesmo que por vezes a regra possa significar a ruptura completa com a "paz podre” em que se vive e que nos faz parecer tão felizes aos olhos dos outros. É mentira! Não somos! E mais vale romper, ficar sem mundo uma vez mais, e vir a ser um verdadeiro cidadão do mundo, do que permanecer como um “morto/vivo” sem mundo.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Amigos
São os que conhecemos desde que nos entendemos como seres humanos e que por muito tempo que estejamos longe, continuam a ter a mesma ascendência sobre nós - olham-nos e conseguem ler os nossos sonhos e pensamentos, mantêm o mesmo à vontade de sempre, apesar da distância e da falta de contacto, compreendem o que sentimos, mesmo que não acompanhem a nossa vida no dia-a-dia e sobretudo, são poucos e raros. Cada um de nós deve poder contar pelos dedos de uma mão, os amigos que se encaixam neste perfil de amizade...
O importante é sabermos que eles existem, quem são, onde estão e, acima de tudo, que podemos contar com a sua amizade incondicional.
Ao longo da vida aparecem depois os "outros amigos". Aqueles que não vêm da infância, mas que nos vão acompanhando nas outras fases também importantes das nossas vidas (escola, faculdade, trabalho, casamento, filhos...). São muitas vezes relações meramente sociais, que acabam por se revelar tão importantes como os "amigos de sempre".
Depois surgem os "amigos surpresa ou revelação". Os que nos surpreendem com a sua atenção, carinho e amizade. Que surgem onde e quando menos esperamos. Pessoas com quem não nos imaginávamos sequer a estabelecer qualquer relação de amizade, mas que aparecem para ficar...
Cada um de nós terá com toda a certeza outros "grupos" de amigos. Mas, acredito que os "de sempre", os "outros amigos" e os "revelação" são, todos eles, muito, muito importantes e vão estar connosco para sempre. E isso é o melhor da amizade.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Maratona da Vida
Hoje vivemos à pressa.
Comemos à presa, dormimos a correr, trabalhamos em stress, vamos ao ginásio num instante (só para a consciência não pesar), deixamos e apanhamos os filhos na escola em minutos (é o tempo de despedir, dizer que se têm de portar bem e dar mais alguns avisos da praxe) e pressionamos nos trabalhos de casa ao fim do dia. Usamos micro-ondas para descongelar e aquecer rapidamente, bimbys para os belos cozinhados em minutos, máquina de café com cápsula para a famosa bica em segundos, torradeira com alerta de tarefa terminada, telemóvel com alarme para reuniões, aniversários, consultas médicas importantes e outros lembretes, mensagens sms pré-definidas para enviar em caso de urgência ("em reunião", ligo mais tarde"...sempre a dizer que naquela altura não podemos falar e que depois tratamos daquele assunto). Somos ainda parte do social media para falar com todos os amigos e não tão amigos ao mesmo tempo, porque assim não gastamos ainda mais tempo e vamo-nos mantendo informados e informando em simultâneo (com frases curtas, mas que resumem os nossos dias, por si só já muito curtos, apesar de os fazermos esticar até ao limite das 24 horas). Enfim. Parece que nos tornámos numa geração sem tempo para viver. Passámos sim a sofrer de falta de ar, paciência, calma etc... tudo por causa do tempo, ou melhor, pela falta dele.
Por vezes pensamos que, de um momento para o outro, esta pressa pode deixar de fazer sentido, porque podemos adoecer, morrer, sei lá. Mas claro só quando acontece alguma desgraça a alguém e pensamos: "coitado (a), tão jovem, com tanta pressa, tanta coisa para fazer e para quê?"
Passadas algumas horas esquecemos e voltamos à maratona da vida, sem sabermos na maior parte das vezes, onde e quando é a meta.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Aos meus avós
Existem pessoas que passam nas nossas vidas e que, mesmo depois de partirem, continuam a estar junto de nós - na nossa memória recente. Homens e Mulheres que, por uma ou outra razão, por vários motivos, por todos os motivos, deixam as suas marcas nos que ainda ficam, independentemente da idade, cor, raça, condição social...
Não temos, na maioria das vezes, a noção do que vamos conseguir guardar. Alguns de nós memorizam as histórias bem humoradas tão próprias daquela pessoa, outros não se esquecem do timbre de voz, das mãos, do sorriso, do cabelo, do olhar...
Mas quase todos escolhemos ficar com numa imagem positiva desse ser humano tão importante, ao invés de nos lembrarmos dos últimos momentos, regra geral mais dolorosos.
Eu faço parte deste grupo. Dos que preferem apagar os piores momentos e guardar daquela pessoa, tudo o que teve de bom antes de morrer. Recordo o que me deram, o que receberam de mim, o que me ensinaram, o quanto foram importantes para o meu crescimento como SER HUMANO. Prefiro lembrar o sorriso, a alegria de viver e de estar com os outros, a forma mais rígida de uns ou mais desprendida de estar na vida de outros, mas sobretudo, não me esqueço do amor que qualquer um deles tinha por mim.
domingo, 25 de julho de 2010
A minha amiga NOITE
À noite chegam todos os medos, sensações estranhas, barulhos esquisitos, pensamentos e alertas sobre as coisas que temos para resolver...
Durante a noite os sonhos e a cabeça na almofada, dão-nos soluções para os problemas que reaparecem com o nascer do sol.
A noite tem, no entanto, uma coisa que adoro: o SILÊNCIO. O tal que na escuridão nos faz ter medo, ouvir sons que não identificamos à primeira, que nos ajuda a reflectir sobre o dia anterior e os dias seguintes, que nos dá paz de espírito, que nos ajuda a adormecer...
A noite é como que uma solidão que nos faz companhia.
Quando era pequena tinha medo do escuro, da noite, das sombras, do silêncio absurdo que me fazia ouvir tantos sons.
Hoje, à noite, ouço o mesmo silêncio com o dobro da atenção, fico de olhos bem abertos e sem me esconder na almofada e, muitas vezes, apesar do meu esforço, não consigo enxergar as tais sombras e barulhos.
A noite para mim mudou. Cresceu comigo, como se fosse a minha melhor amiga.
domingo, 18 de julho de 2010
Estar bem ou não estar...
Estranho!
Estranho que consigamos desejar e ambicionar o desconhecido - uma vida que não conhecemos, mas que pensamos ser aquela que sempre desejámos, alguém com quem nunca sequer falámos mas de quem achamos que gostamos, um lugar onde nunca estivemos antes, mas onde julgamos que nos vamos sentir em casa, uma coisa que não sabemos se afinal vai contribuir para que vivamos melhor, mas que queremos muito alcançar...
É como se estivéssemos bem apenas onde e com quem não estamos, apenas como nunca estivemos, ou como já alguma vez estivemos sim, mas já não estamos. Faz lembrar o poema do António Variações, que falava sobre a insatisfação constante com o que somos e temos em cada momento.
Até com a meteorologia conseguimos ser insatisfeitos - se está muito quente é porque está irrespirável, se chove é porque queremos ver um raio de sol e não podemos, se está frio, é porque nos faz afinal falta o calor...
Hoje é um desses dias. Um dia em que a insatisfação constante me deixa a pensar sobre o que afinal gostaria de ter, ser ou viver e que me faz sentir "ESTRANHA".
Estranho que consigamos desejar e ambicionar o desconhecido - uma vida que não conhecemos, mas que pensamos ser aquela que sempre desejámos, alguém com quem nunca sequer falámos mas de quem achamos que gostamos, um lugar onde nunca estivemos antes, mas onde julgamos que nos vamos sentir em casa, uma coisa que não sabemos se afinal vai contribuir para que vivamos melhor, mas que queremos muito alcançar...
É como se estivéssemos bem apenas onde e com quem não estamos, apenas como nunca estivemos, ou como já alguma vez estivemos sim, mas já não estamos. Faz lembrar o poema do António Variações, que falava sobre a insatisfação constante com o que somos e temos em cada momento.
Até com a meteorologia conseguimos ser insatisfeitos - se está muito quente é porque está irrespirável, se chove é porque queremos ver um raio de sol e não podemos, se está frio, é porque nos faz afinal falta o calor...
Hoje é um desses dias. Um dia em que a insatisfação constante me deixa a pensar sobre o que afinal gostaria de ter, ser ou viver e que me faz sentir "ESTRANHA".
sábado, 10 de julho de 2010
Ser Humano
Quase nunca nos apercebemos do momento certo para assumirmos as grandes decisões das nossas vidas.
Na verdade, o ser humano é desatento por natureza. Alheia-se da realidade num estalar de dedos. Enfia a cabeça na areia, tal como a avestruz, quando não quer ver. Uns fazem-no propositadamente, outros porque sem querer saem da órbitra terrestre e navegam à deriva. Outros ainda porque conscientemente são pouco corajosos para as grandes decisões. Enfim. Todos acabamos por deixar escapar algumas das oportunidades, para as decisões e mudanças mais importantes.
Para sabermos em qual dos grupos nos encaixamos, quase que preferimos fazer um "quizz" e dar à resposta do questionário, a interpretação que mais nos convém. Tudo porque somos cobardes, pouco corajoso, comodistas, acomodados, inertes, masoquistas, preguiçosos...
Mas na verdade o ser humano acha-se o máximo - cheio de si, maravilhoso, dono de uma enorme coragem ....
Somos uma fraude. Mostramos o que não somos na realidade. Fazemo-nos passar pelo ideal que cada um tem de si próprio. Transmitimos ao outro uma fachada perfeita e feliz, enquanto por dentro sangramos de dor. Depois, quando olhamos para o nosso interior, choramos de raiva...tudo porque nos falta a coragem.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
A terra dos 5 sentidos
Na minha terra vejo o mar e a serra.
Na minha terra cheira a água salgada e a peixe fresco.
Na minha terra os sabores são intensos e doces.
Na minha terra fala-se com sotaque fechado e comem-se as palavras.
Na minha terra gritam-se pregões que mais ninguém entende.
Na minha terra o mar é cor de prata.
Na minha terra o céu azul claro tem um sol quente e forte por companhia.
Na minha terra a lua é luminosa e as estrelas vêem-se ao espelho nas águas da ria.
Na minha terra sinto-me em casa.
Na minha terra ouço, cheiro, vejo, saboreio e sobretudo... na minha terra sinto.
Na minha terra cheira a água salgada e a peixe fresco.
Na minha terra os sabores são intensos e doces.
Na minha terra fala-se com sotaque fechado e comem-se as palavras.
Na minha terra gritam-se pregões que mais ninguém entende.
Na minha terra o mar é cor de prata.
Na minha terra o céu azul claro tem um sol quente e forte por companhia.
Na minha terra a lua é luminosa e as estrelas vêem-se ao espelho nas águas da ria.
Na minha terra sinto-me em casa.
Na minha terra ouço, cheiro, vejo, saboreio e sobretudo... na minha terra sinto.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Sonho ou realidade?
Sonhar faz falta e faz bem. Sonhar é saboroso. Sonhar faz-nos acordar com mais energia. Sonhar é uma forma de ser feliz.
Todos sonhamos em ter uma "vida de sonho". Todos idealizamos milhares de coisas boas, à noite em sonhos dormidos, ou de dia, quando sonhamos acordados. Quem é que ainda não sonhou com amar e ser amado por uma pessoa especial, que até sabemos quem é, mas que na vida real não temos coragem de abordar? Quem é que ainda não desejou secretamente partir para aquele lugar tão perto ou tão longe, mas que é um sítio de sonho? Quem é que não idealizou ainda tudo o que pode vir a fazer com um prémio em dinheiro de um desses muitos jogos, em que grande parte de nós aposta semanalmente, muitas vezes já sem fé, mas sempre a sonhar com todos os sonhos materiais que pode concretizar? Quem é que ainda não conduziu quilómetros e quilómetros de estrada, em estado de hipnose, sem se aperceber por onde passou e como chegou ao destino, tudo porque durante a viagem passou o tempo a sonhar acordado?
Sonhar faz parte de todos nós. Sonhar é questionar o que queremos para o nosso futuro. Sonhar é responder aos desafios que a vida nos apresenta todos os dias. Sonhar faz-nos encontrar as respostas que precisamos para seguir em frente. Sonhar é uma forma de encarar a realidade. Por tudo isto, sonho em continuar a sonhar e desejo, em todos os meus sonhos, que os sonhos se tornem realidade.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Força da Natureza
Por vezes sinto vontade de me deixar ir à deriva no mar azul e tranquilo do Sul. O mar, seja ele qual e onde fôr, renova-me todas as energias. E mesmo quando está mais revolto - nos famosos dias quentes de levante - ele tem essa capacidade. A capacidade de me fazer sonhar (em tons de rosa), sorrir (com inocência), voar (em pensamento), ter vontade de deixar tudo para tráz e ir à procura da minha verdadeira origem, do meu verdadeiro lugar...
Será que fui peixe noutra vida?! Não acredito. Ou melhor, não gostaria de o ter sido. Prefiro acreditar que o mar esteve sempre presente nas minhas várias passagens por aqui e que por isso, ainda hoje me faz vibrar, faz-me sentir viva e cheia de ar para respirar fundo.
A paz de espírito vem só de olhar para ele ao longe e entranha-se em mim a cada passo que dou na sua direcção.
Hoje acredito que não sou nem fui do mar, mas sei também que é para lá deste mar que vejo sempre que posso, que está o meu verdadeiro eu e tenho a certeza que, um dia, vou encontrá-lo.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Boca de Morango
A senhora disse-me que ela tinha "boca de morango". Eu ri-me. Na altura só consegui achar alguma graça e nem sequer percebi se era um elogio ou não.
Mas o que é certo é que tem mesmo. Boca de morango - lábios grandes, carnudos, vermelhos (parecem permanentemente pintados), um brilho constante e um sorriso luminoso.
Hoje sei que foi um elogio. Um elogio enorme. O rosto é de resto perfeito. os olhos são rasgados e com cor de azeitona, desde o dia em que nasceu. O nariz é perfeito. As maçãs do rosto são rosadinhas e quando queimadas do sol atingem um tom dourado escuro, que contrasta com a tez clara. O cabelo é liso e castanho escuro, algo despenteado (sem ganchos, fitas ou outros adereços, porque são todos uma chatice).
Estou certa que vai partir alguns corações daqui para a frente e acredito, que o seu futuro vai estar recheado de boas surpresas.
Para mim este ser foi a maior surpresa...até agora. Mas, de um ser humano tão surpreendente como ela, muitas outras surpresas e coisas boas vão surgir e as más, ou menos boas, vão ser sempre abafadas por um olhar radioso, por um sorriso enorme e por uma palavra mais doce, da Boca de Morango.
A menina que, quando menina, queria escrever
Há muitos anos, não há muitos muitos, mas há já os suficientes para poder falar em "muitos", conheci uma menina que queria ser escritora.
Pode dizer-se que escrevia bem, com alguma piada até...talvez essa fosse uma forma de ter graça. No dia-a-dia não era uma pessoa divertida. Por vezes colocamos na ponta da caneta - agora no teclado do computador - o que gostaríamos de ser e não conseguimos, porque a misantropia nos acanha a alma.
Era o caso da menina.
Mas adiante....escrevia tanto, que os dedos chegavam a doer, as mãos estavam sempre borradas de tinta "bic cristal", os cadernos volumosos das páginas e páginas de textos... tudo porque acreditava que escrevia com piada e um dia podia ter o seu próprio livro. Mentira! Acreditar não chega. Para conseguirmos vir a ser o que sonhamos, temos de acreditar, batalhar, ter uma estrelinha da sorte, um anjo da guarda, um empurrão de alguém especial, algum dinheiro, estar no local certo à hora indicada, encontrar quem acredite em nós e nos dê força todos os dias, ter fé e fazer uso dela, enfim....um cem número de "requisitos".
A menina que queria escrever não fez disso o seu ganha pão, mas escreve sempre que pode, aqui e ali, ali e acolá, algures numa toalha de mesa de um restaurante e muito importante: assina o que escreve, apesar de não se tratar de um livro.
Não sendo escritora de profissão, a escrita está sempre presente nos seus dias e apesar da falta de treino, as palavras ainda fluem, já não com a piada de outros tempos, mas com o vigor de alguém que, apesar da falta dos tais cem requisitos, ainda acredita que um dia, o sonho vai ser real...e que não vai acordar.
Subscrever:
Mensagens (Atom)