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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Estado de Espírito


Hoje o Mar estava irado e revolto. Tão zangado com o mundo que não deixava ninguém aproximar-se. E os que arriscavam, eram atirados para o chão, pela força das ondas e desapareciam temporarimente na enorme espuma branca, que enquanto nos dava as boas-vindas, nos cuspia de água e areia empedrada, como que em estado de alerta.
O Mar é como nós. Quando não está em dia sim, assanha as garras e empurra tudo e todos. Outras vezes puxa-nos nas correntes, sem vontade de nos deixar sair, tal como nós, quando arrastamos os outros nos nossos próprios devaneios.
Acredito que o Mar tem dias. Estados de espírito. Momentos bons e maus.
Hoje foi um mau momento. Quente sim, tal como o calor que se fazia sentir cá fora, mas cheio de revolta e indignação. E o mais curioso é que, quando ele está assim, também nós ficamos indignados, desmoralizados.
A praia fechou desmotivada por um dia sem o mar caloroso e amigável do Sul.
Afinal até os mais generosos e condescendentes têm o direito a dar mostras da sua raiva, quando é sentida.

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