
Há muitos anos, não há muitos muitos, mas há já os suficientes para poder falar em "muitos", conheci uma menina que queria ser escritora.
Pode dizer-se que escrevia bem, com alguma piada até...talvez essa fosse uma forma de ter graça. No dia-a-dia não era uma pessoa divertida. Por vezes colocamos na ponta da caneta - agora no teclado do computador - o que gostaríamos de ser e não conseguimos, porque a misantropia nos acanha a alma.
Era o caso da menina.
Mas adiante....escrevia tanto, que os dedos chegavam a doer, as mãos estavam sempre borradas de tinta "bic cristal", os cadernos volumosos das páginas e páginas de textos... tudo porque acreditava que escrevia com piada e um dia podia ter o seu próprio livro. Mentira! Acreditar não chega. Para conseguirmos vir a ser o que sonhamos, temos de acreditar, batalhar, ter uma estrelinha da sorte, um anjo da guarda, um empurrão de alguém especial, algum dinheiro, estar no local certo à hora indicada, encontrar quem acredite em nós e nos dê força todos os dias, ter fé e fazer uso dela, enfim....um cem número de "requisitos".
A menina que queria escrever não fez disso o seu ganha pão, mas escreve sempre que pode, aqui e ali, ali e acolá, algures numa toalha de mesa de um restaurante e muito importante: assina o que escreve, apesar de não se tratar de um livro.
Não sendo escritora de profissão, a escrita está sempre presente nos seus dias e apesar da falta de treino, as palavras ainda fluem, já não com a piada de outros tempos, mas com o vigor de alguém que, apesar da falta dos tais cem requisitos, ainda acredita que um dia, o sonho vai ser real...e que não vai acordar.
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