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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Universo


Há momentos em que "parece que o mundo inteiro se uniu para nos tramar". É uma frase duma música do compositor Rui Veloso, mas que identifica tantos momentos da nossa vida. Parece que as estrelas foram todas de férias e que já não estão no seu pedestal para iluminar o caminho de quem cá está. É como se nos colocassem num espaço fechado, nos apagassem a luz e nos pedissem de seguida para encontrar alguma coisa. Impossível!
A cada dia surge mais uma dificuldade, a cada momento temos mais uma "gaveta" da nossa vida para "arrumar e fechar", a cada semana que passa sentimos que uma vez mais foi difícil e torcemos em segredo para a seguinte seja mais leve.
Os astros devem ter uma explicação para estes momentos de correntes fortes, em que nos sentimos a remar contra uma maré tempestiva, que nos quer ensinar a nadar na perfeição, mas que antes não se cansa de nos pôr à prova, de testar os nossos limites.
O lema é não desistir, respirar fundo e flutuar, sempre a olhar para o céu, até que a nossa estrelinha da sorte volte a iluminar o caminho. Nessa altura, a tempestade vai amainar, o mar acalma e nós, com luz, chegamos lá.

domingo, 12 de setembro de 2010

Começar é viver de novo.


Começar de novo é mesmo isso...começar de novo. Nem se pode dizer que seja recomeçar, porque quando recomeçamos alguma coisa já partimos de uma base, seja ela qual for e quando começamos de novo, estamos a partir do zero. É porque "zerámos" alguma coisa nas nossas vidas.
Eu prefiro começar do zero do que recomeçar. O segundo verbo causa-me insegurança. Fico com a sensação que vou ser obrigada a pôr para trás das costas uma série de coisas que, na verdade, não vou conseguir esquecer. Coisas que não me deixam começar a viver outra vez. Limito-me por isso a recomeçar, sem grande convicção que vou ser capaz de cumprir aquilo a que me propus, sem acreditar que vou chegar ao fim. Depois, quando vir que não consigo, que sou incapaz, vou espernear e prometer que, agora sim, vou recomeçar e que, agora sim, me vou esforçar e que, agora sim, vou ser capaz e assim sucessivamente…
Começar de novo é quase nascer outra vez. É fazer “tábua rasa” do que vivemos até determinado momento e voltar a nascer. É sentir que nos cortam o cordão umbilical e que vamos estar por nossa conta e risco … sem memórias do passado, sem história, sem fantasmas. É uma verdadeira e sentida segunda oportunidade que a vida nos dá e que temos de aproveitar, até porque temos consciência do valor deste segundo fôlego.
Para quem está a começar de novo, desejo toda a SORTE do mundo.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Quando o Verão acaba.


É sempre difícil chegar ao fim, ainda que esse fim seja o do Verão e do bom tempo. Em crianças porque isso representa também o final das férias grandes e o regresso à escola, apesar da ansiedade para revermos os velhos amigos. Sobretudo, deixamos para trás as amizades de praia, as férias em família, o dia-a-dia sem regras... enfim, uma vida muito folgada.
Na adolescência o fim das férias de Verão faz-nos abdicar dos enormes grupos de amigos e conhecidos, que nos acompanham, de dia na praia e à noite, nos melhores spots nocturnos. Por vezes, com o sol e o mar, deixamos também para trás aquele amor de Verão, que nunca sabemos se, no ano seguinte, ainda estará disponível, se é que na pior das hipóteses não se irá apagar com o Inverno.
Em adultos e apesar da consciência sobre os nossos limites e a durabilidade das coisas boas, o fim não é mais fácil. Afinal vão começar os dias mais curtos e menos luminosos, fazemos a reentrada a 100% no trabalho, no ginásio, nos estudos e formações, nas actividades lúdicas e desportivas dos filhos … e ao mesmo tempo entramos em contagem decrescente para o Natal, para a azáfama dos presentes, sempre a pensar que entretanto talvez consigamos tirar umas mini férias, não com o Sol e o bom tempo do Verão, mas pelo menos com alguma boa vida. Planeamos as férias de neve e golfe para quem gosta, pensamos que talvez possamos ir para fora cá dentro – sempre é melhor que nada - e até sonhamos com uns dias diferentes, num destino tropical, onde o Verão nunca acaba na verdade.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Estado de Espírito


Hoje o Mar estava irado e revolto. Tão zangado com o mundo que não deixava ninguém aproximar-se. E os que arriscavam, eram atirados para o chão, pela força das ondas e desapareciam temporarimente na enorme espuma branca, que enquanto nos dava as boas-vindas, nos cuspia de água e areia empedrada, como que em estado de alerta.
O Mar é como nós. Quando não está em dia sim, assanha as garras e empurra tudo e todos. Outras vezes puxa-nos nas correntes, sem vontade de nos deixar sair, tal como nós, quando arrastamos os outros nos nossos próprios devaneios.
Acredito que o Mar tem dias. Estados de espírito. Momentos bons e maus.
Hoje foi um mau momento. Quente sim, tal como o calor que se fazia sentir cá fora, mas cheio de revolta e indignação. E o mais curioso é que, quando ele está assim, também nós ficamos indignados, desmoralizados.
A praia fechou desmotivada por um dia sem o mar caloroso e amigável do Sul.
Afinal até os mais generosos e condescendentes têm o direito a dar mostras da sua raiva, quando é sentida.