Bom Caminho (Setembro 2012) |
No meu caso, é um encontro puramente espiritual, com a religião, comigo mesma, com os outros. Promessas não as tive, até porque como dizia uma professora do liceu, "promessa é uma coisa, negócio com os santos é outra". Por isso, saí daqui com objectivos espirituais e pessoais e com a promessa de chegar ao fim. Pelo caminho ficaram sim, muitas intenções.
3ª semana de Agosto de 2012
Fazer a lista das necessidades para os 6 dias de peregrinação é uma verdadeira odisseia. E, com partida agendada para 21 de Setembro, em Agosto ainda estávamos nesta fase.... ter a lista completa, dividir a compra e o transporte do material de higiene e conforto necessário, saber afinal quem ia alinhar na aventura, comprar material em falta etc.
A 6 dias da partida
No quarto estavam amontoadas as tralhas - mochila, cantil, meias anti-bolhas, cremes disto e daquilo, calças e bermudas, t-shirts, polar, poncho para a chuva etc
Esta semana era a altura para nos dedicarmos à lista dos medicamentos. O treino aos pés e sobretudo a habituação às botas foram também uma constante.
Muito importante: o bloco de notas com as intenções definidas já fazia parte dos haveres para a partida. Como disse, não eram promessas, mas as buscas pessoais desta viagem.
20 Setembro 2012
As nossas mochilas |
Dia 1 - 21 Setembro 2012
(17 Km)
Catedral TUI |
Orbenlle |
Já em Orbenlle parámos para almoçar uma tortilla com salada de atum e passas, num restaurante com uma vista fantástica. Ali estava a Brasileira de Porto Alegre, que mais tarde viríamos também a encontrar várias vezes até ao nosso destino final.
Na floresta...antes da zona industrial. |
Chegámos a Porriño pelas 16h e lá estávamos nós na pensão Maracuibo - limpa, simpática e com tudo o que precisávamos após os primeiros cerca de 17 km.
Nessa noite havia festa em Porriño, pelo que não foi fácil dormir. Os galegos levam as festas religiosas muito a sério.
Ajudou o vinho tinto ao jantar, a acompanhar umas gambas com alho e um pãozinho do melhor.
Não posso deixar de dizer que nessa noite o "Voltaren" já me fez companhia. As dores começavam nos pés e pernas estavam a começar.
Dia 2 - 22 de Setembro 2012
(19 Km)
Albergue de Mós |
Meio albergue, meio café/cafetaria, com papelaria à mistura, mas tinha de tudo, sobretudo um expresso.
Café em Mós |
A partir de Mós o percurso foi muito duro (muitas subidas e descidas e chão irregular). Voltámos a parar em Santiaguino, no meio no mato, para comer um lanhe que vinha connosco e recuperar forças. Seguimos então rumo a Redondela. Quase na chegada à grande descida de Redondela, parámos ainda num café/padaria. Um Galego muito simpático, cujo filho estava a fazer o Doutoramento em Lisboa. Os bolos ali tinham Marketing pessoal, de tão bom aspecto....e o senhor recomendou-nos que fossemos dormir ao Hostal Antolin, na praia, com vista para a Ria de Vigo e para a Ilha San Simón.
Seguindo a sugestão do nosso conselheiro, lá mudámos as reservas desse dia para o Antolin na Praia de Cesantes. Mal sabíamos nós é que os Km's seguintes íam custar tanto e que desviar de Redondela para Cesantes ía ser tão doloroso para os pés.
Nas descidas de Redondela foi preciso voltar a parar para descansar, mesmo que junto a um caixote do lixo camarário (verde...igual aos nossos).
Dentro da cidade, voltámos a encontrar um dos nosso peregrinos já conhecidos...a rua do Cruzeiro parecia não mais acabar.
Eu particularmente estava com os pés numa lástima de dor. Antes de Cesantes tivemos de voltar a fazer uma paragem num café de beira de estrada. Ali estávamos literalmente fora do caminho, dado que o desvio que estávamos a fazer não vinha assinalado nos percursos para peregrinos. Acho que nunca uma febra com batatas fritas e ovo estrelado me soube tão bem. Assim retomámos os últimos 3 Km até ao dito Hostal, que nos pareceram uma eternidade. Tudo me doía. Acho que cheguei a pensar "mas o que estou eu a fazer aqui?"
Rapidamente pensava nas intenções que levava comigo e das quais me lembrava todos os dias. Era uma forma de ganhar forças para ir em frente.
Ilha San Simón |
Momento para escrever o dia. |
Mais tarde começaram a chegar ao Hostal outros peregrinos: a Brasileira de Porto Alegre, com quem nos tínhamos cruzado no dia anterior, um grupo de Brasileiros do Estado de São Paulo, com que mais à frente viríamos ainda a estar algumas vezes, um Americano de LA de origem Mexicana (lindo de morrer, devo dizer), muito simpático...os nosso amigos alemães (um grupo de 3 que víamos todos os dias)...
Calçadas para jantar |
Jantar fantástico: canja, mexilhões, calamares fritos e um cheesecake.
Dia 3 - 23 de Setembro 2012
(17 Km)
Para o pequeno-almoço lá voltámos a preferir as meias apenas como calçado. Era importante dar descanso às botas até ao momento de voltar ao caminho. De facto o pequeno-almoço no Hostal Antolin era óptimo e deu para reforçar com pão, fruta e cereais. Fantástica a empregada que estava de manhã - fazia pequenos-almoços, reposições na sala, check-in e check-out, enfim. Uma verdadeira multi-task. Ficámos encantadas com o serviço.
Antes da saída explicaram-nos a forma mais rápida para voltarmos ao "caminho", dado que nos tínhamos desviado cerca de 3 km, para pernoitar na praia.
De volta ao caminho... |
Ponte Sampaio |
Em Gandara parámos para um "bocadillo caliente", numa caravana de comidas e bebidas no meio do "quase nada". Já estávamos muito cansadas nesta altura e mais uma vez a minha mochila e o peso, provocavam horríveis dores na cintura e pernas. Um pouco mais à frente, na capela de Santa Marta voltámos a parar para descansar. Eu particularmente estava no limite. A Zélia, ainda assim, conseguia manter-se mais equilibrada fisicamente.
Caminho |
Antes da chegada a Pontevedra começou a chover muito e tivemos de voltar a parar para nos abrigarmos e nutrir (amendoins e vinho branco - quem diria que nutria - numa taberna onde a ASAE não passou de certeza).
Saímos uma vez mais debaixo de chuva intensa e com os ponchos vestidos.
Chegámos pelas 15h ao Hotel Madrid em Pontevedra. E começou o ritual: banho quente, Vasenol pés e pernas, Voltaren e descanso.
Saímos mais tarde até ao centro da cidade para um almoço/lanche. Mas era domingo e em Espanha, é mesmo dia de não fazer nada. Nada aberto a não ser cafetarias.
Nesta altura os bocadillhos já enjoavam pelo que acabámos num café, giríssimo, na praça mais central da cidade velha, para um croissant com chocolate. Tudo o que a minha criança interior já estava a pedir. A acompanhar...chocolate quente claro!!!
Voltámos ao Hotel e eu lá fui para o ritual do gelo nas pernas. Se assim não fosse nem sei como aguentaria no dia seguinte.
Tentámos sair para jantar, mas precisamente por ser domingo, encontrar algum sítio com "comida a sério" e quente, era uma odisseia. Estava tudo encerrado. Acabámos a noite num Italiano, para um "minestrone" que nos soube pela vida. Estávamos exaustas!
Engraçado foi que, nesse dia, o secador de cabelo (que víamos pela 1ª vez desde que tínhamos saído de Lisboa), apenas serviu para secar as botas. Tinha começado o desapego das coisas materiais.
Dia 4 - 24 de Setembro 2012
(22 Km)
Mais uma odisseia em Pontevedra para tomar o pequeno-almoço. Na Galiza comer pão fresco de manhã cedo é mentira! Até dizíamos, em tom de piada, que "aqui os padeiros deviam ter horários muito mais flexíveis" porque o pão chegava tarde a qualquer sítio.
No café central, com muito bom aspecto, conseguimos sumo de laranja, napolitanas frescas, cola-cao e croissants.
Igreja Santa Maria de Alba |
Depois do check-out no Hotel seguimos em direcção a Alba, onde parámos na igreja para descansar, acender velas e meditar. Seguimos então em direcção a um café ainda naquela localidade para a segunda refeição - sanduíche e um expresso forte.
A partir daqui o caminho foi muito forte (vegetação densa e mística, uma enorme beleza natural, muita chuva, muitas dores físicas e muita emoção associada).São os momentos em que se chora sozinho, mesmo que estejamos acompanhados.
Espiritualmente, parece que muita coisa começou a fazer sentido nesta altura!
O caminho... |
A cerca de 2 km de Caldas estávamos uma vez mais exaustas. Numa pequena localidade, conseguimos apenas parar no adro da igreja, junto a um parque infantil, para descansar os pés e as pernas.
Nesse dia tudo estava tão difícil que até o Hotel (Hotel Sena), ficava no final da localidade de Caldas dos Reis, pelo que tivemos de andar a pé mais 3 Km, desde que entrámos na cidade.
Quando se está no limite, mais 10 minutos ou 3 Km são uma eternidade e uma dor indescritível.
Assim que chegámos ao hotel iniciámos o ritual de higiene e descanso - banho, creme pés e pernas para relaxar, Voltaren... e uma sesta.
A Zélia descobriu massagens a 17 euros nas termas das Caldas e lá fomos nós ao fim da tarde, com a devida marcação.
As termas! |
Conseguimos depois um bom sítio para jantar um caldo galego e uma costeleta de comer e chorar por mais.
Uma vez mais encontrámos o peregrino de LA, com ascendência Mexicana e que, soubemos nesta altura, que já tinha feito o caminho francês. Não tem uma perna e faz o caminho com o apoio de uma muleta. Ficámos impressionadas com a força de vontade de um tipo com aquelas características e que não teria mais que 38/39 anos.
Com a massagem desse dia, dormi muito melhor e no dia seguinte sentia-me com menos dor física.
Dia 5 - 25 de Setembro 2012
(19 Km)
Foi um dia muito giro, apesar das fortes dores nos pés e pernas.
Com o efeito da massagem do dia anterior, o amanhecer parecia mais fácil e menos doloroso sobretudo. Acho que o anti-inflamatório ajudou muito.
No caminho...com chuva. |
Começou a chover copiosamente e por isso chegámos a Pino completamente encharcadas.
Parámos então para um chá e para secar um pouco as botas.
Não ficámos muito tempo. Voltámos rapidamente ao caminho, desta vez rumo a Ponte Cesures.
Nesta localidade procurámos um restaurante chamado "Mesa de Pedra", Restaurante Medieval (http://www.facebook.com/MesaDePedra?fref=ts) ....mas durante o percurso, a Zélia estava entretida com várias chamadas telefónicas a combinar eventos sociais comuns (estar muito tempo longe tem destas coisas e temos de intercalar o espiritual com o que é mais terreno :)...para nos mantermos bem).
Fomos atendidas por um Homem de poucas palavras (pelo menos no primeiro contacto), mas cheio de sabedoria sobre Santiago, o Caminho e afins.
Quando nos sentámos já estavam na mesa 3 peregrinas Brasileiras, entre elas a Dana, com quem passámos a falar mais a partir daí.
Foi-nos servido um óptimo Caldo Galego, seguido de algo que em portugal chamamos "Carne de Alguidar" com batata cozida, queijo e doce de figo, vinho tinto e café de saco (conhecido ali como "café científico" - máquina de café de saco com a cientificidade de ter um temporizador /cronómetro à parte, como o próprio dono do local explicava, para garantir os 3 minutos necessários para um café irrepreensível).
Um local que, em Portugal, não passaria despercebido a uma ASAE, mas que é fantástico e faz as delícias dos peregrinos, pelo acolhimento, simpatia e comida caseira.
Foi aqui que aprendemos que os pimentos padron não são de Padrón, mas sim de Hebrón e que se devem comer sem rabo. "Se vos servirem pimentos com rabo é porque não foram lavados" foi-nos explicado.
No Mesa de Pedra... |
Saímos do local completamente revigoradas pela comida, conversa, gargalhada, e pela 1h30 de descanso.
Partimos depois para Padrón, a tentar um atalho que nos tinham explicado, para encurtar caminho.
Aqui ficaríamos alojadas no Hotel Jardim - uma casa rústica, senhorial, familiar e muito acolhedora.
Calçado dos Peregrinos no H. Jardim |
Jantar em Padrón |
O espírito de grupo e "do peregrino" neste 5º dia foi impressionante. Quando no encontrámos à noite para jantar, ficou claro que "todos estamos ali com o mesmo objectivo, mas todos também com razões diferentes". Cada um sabe das suas razões, intenções, o que procura afinal. Uma verdadeira questão de alma.
Dia 6 - 26 de Setembro 2012
(25 Km)
De Padrón até Escravitude fez-se bem (sem subidas nem descidas e sobretudo sem chuva)!
Era bom ou não era?! |
Saímos já com alguma chuva desta localidade. Seguíamos para Obese, onde chegámos pela hora do almoço. Segunda parte do roteiro gastronómico do dia: sopa de nabiça, jamon serrano e vinho tinto. O atendimento, sobretudo da proprietária, não era muito simpático, mas o marido compensava a simpatia e a dedicação aos clientes (principalmente às meninas).
Depois de algum tempo de descanso, prosseguimos viagem para Milladoiro. Chovia muito e tivemos de nos abrigar num supermercado. A Zélia aproveitou para nos comprar uns chocolates, o que foi óptimo para reforçar o açúcar, mas sobretudo o ânimo.
No caminho... |
Neste dia voltámos a estar com o grupo de ingleses, que desde Valença, vinha connosco, nos mesmos percursos. O Mac, como sempre, trazia uma mensagem especial. Desta vez tinha a ver com a dor física que eu mesma sentia - pés, sobretudo dedos e unhas. Este homem era um verdadeiro anjo na terra. Já anteriormente parece que tinha respondido às minhas dúvidas médicas (o que fazer, como minorar aquelas dores....enfim). Agora aparecia para lembrar que as dores que tínhamos não eram nada face a dores de uma vida (uma "lifetime experience", como lhes chamou). Estas dores, como ele dizia, passariam ao fim de uns dias. Outras pessoas no mundo, tinha dores de uma vida. Por isso, este sacrifício físico, era uma forma de nos lembrarmos disso, durante o caminho.
A 4 Km...
O que se sente numa altura destas é indescritível. Aqueles últimos 4 Km foram no entanto uma eternidade e só a meio da tarde chegámos à catedral.
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Finalmente em Santiago... |
Depois de algum tempo a apreciar aqueles momentos, seguimos para a "Oficina " do Peregrino.
Oficina do Peregrino (dados, diploma e entrega de intenções) |
Agora o que ficou daquele dia: a sensação única de missão cumprida com pena de ter acabado uma caminhada para algo tão importante para cada um; um misto de vontade de rir com vontade de chorar...qualquer emoção não se percebe e muito menos se consegue explicar. Ficou a vontade de olhar à volta e voltar a olhar e ficar a olhar.... para apreciar a praça defronte da catedral. Senti que iria ter saudades destes dias...e tive. Saudades da espiritualidade, das pessoas, das sensações.
Quero voltar, a este ou a outro caminho, quero voltar desde que seja Santiago.
Dia 7 -27 de Setembro de 2012
(Em Santiago)
Acordámos pela 1ª vez sem ter o compromisso de avançar mais 1 km sequer. A sensação é ao início de alívio, porque foram seis dias de cansaço, mas ao mesmo tempo de vazio, por não termos o objectivo quilométrico do dia, os mapas para ler e pensar sobre as paragens mais adequadas, enfim, um misto de dever cumprido com o vazio que agora parecia começar.
Vista da Varanda do Quarto |
Foi a 1ª manhã em que dispensámos as botas de caminhada, até porque as da Zélia tinham aberto golpes precisamente na chegada à Catedral (ou pelo menos foi quando demos por isso).
Depois de um banho matinal, roupa lavada e pequeno-almoço, seguimos para a Catedral, para a Missa do Peregrino.
Assim que chegámos, encontrámos o grupo da Dana (do Estado de São Paulo - Brasil) e os ingleses que desde sempre nos acompanharam. Quando olhávamos à volta, grande parte dos peregrinos que por ali estava eram pessoas com quem nos tínhamos cruzado ao longo dos 6 dias de Caminho.
A Missa começa com um enorme agradecimento aos peregrinos e um cenário fantástico levado a cabo pelo turíbulo (defumador de metal, preso a 3 correntes). Os movimentos de defumação da peça são enormes e visíveis em quase toda a catedral. É impressionante. A comunhão foi demorada, com tanta gente a querer celebrar o momento. Aquela era também a última missa numa quinta-feira do mês, altura em que se queimavam as intenções. As nossas lá ficaram. Só nós e Santiago as conhecemos. E mesmo que demorem, ele vai tê-las em conta, tenho a certeza.
Na Missa após a comunhão |
Aproveitámos a ida à Catedral para dar o abraço a Santiago, numa zona própria da igreja.
Saímos depois para almoçar, para ir às compras (porque o frio apertava e a roupa que trazíamos era do tipo Verão) e para comprar os bilhetes de autocarro, para o Porto, para onde partiríamos no dia seguinte. Voltámos mais tarde à Catedral para colocar algumas velas.
Tarde de Sol |
Tarde de Sol |
Na Galiza come-se definitivamente muito bem.
Dia 8 -28 de Setembro de 2012
(De volta a Lisboa)
Hoje acordámos e só no pequeno-almoço nos apercebemos que estávamos atrasadas para o autocarro para o Porto. Pois é! Obra do acaso ou não, o despertador não só não tocou, como a hora estava errada.
Correria até ao hotel, para apanharmos as mochilas, depois até ao táxi, para chegarmos ao autocarro. Entrámos pela plataforma dos autocarros, em plena garagem, com o embarque já a terminar. Mesmo a tempo!
Saíamos de Santiago e começámos a percorrer no BUS alguns dos locais onde havíamos passado a pé. A sensação é estranha. Numa hora andámos o que tínhamos levado cerca de 3 dias a fazer em caminhada.
Dormimos a viagem quase toda até ao Aeroporto do Porto. Uma vez aí, acabámos por conseguir apanhar um voo mais cedo que o previsto para Lisboa.
Quando aterrámos na Portela a sensação é a de que tínhamos sido tele-transportadas de um sítio longínquo e inacessível mas cheio de paz. Instalou-se a sensação de ter vindo de Marte em pouco mais de 2 horas.
No final da viagem o que ficou? Costumo dizer que ficaram 3 marcas desta experiência:
Acredito que 2013 vai trazer um novo caminho, este ou outro, com novas histórias, pessoas, mas quem sabe com as mesmas intenções.
Correria até ao hotel, para apanharmos as mochilas, depois até ao táxi, para chegarmos ao autocarro. Entrámos pela plataforma dos autocarros, em plena garagem, com o embarque já a terminar. Mesmo a tempo!
Saíamos de Santiago e começámos a percorrer no BUS alguns dos locais onde havíamos passado a pé. A sensação é estranha. Numa hora andámos o que tínhamos levado cerca de 3 dias a fazer em caminhada.
Dormimos a viagem quase toda até ao Aeroporto do Porto. Uma vez aí, acabámos por conseguir apanhar um voo mais cedo que o previsto para Lisboa.
Quando aterrámos na Portela a sensação é a de que tínhamos sido tele-transportadas de um sítio longínquo e inacessível mas cheio de paz. Instalou-se a sensação de ter vindo de Marte em pouco mais de 2 horas.
No final da viagem o que ficou? Costumo dizer que ficaram 3 marcas desta experiência:
- conhecemos melhor os nossos limites físicos e até que ponto esses limites impactam nos limites emocionais (até onde e como aguentamos sem dor física e a partir de quando essa dor nos causa sofrimento e lágrimas);
- damos mais valor ao outro e sabemos que o espírito humanitário afinal existe e que, existem pessoas, tal como nós, que de forma desinteresseira e desinteressada, se preocupam e ajudam o outro;
- valorizamos coisas básicas que temos no dia-a-dia e que numa situação de esforço físico e emocional, fazem toda a diferença (como é o caso de uma refeição quente).
Acredito que 2013 vai trazer um novo caminho, este ou outro, com novas histórias, pessoas, mas quem sabe com as mesmas intenções.